quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Entrevista para o jornal - O Norte de Minas

Gadú Aygá é atração na noite montes-clarense - O cantor e compositor Gadú Aygá fala de sua trajetória e do show nesta quinta-feira no palco do Terraço

ADRIANA QUEIROZ - Repórter
O cantor e compositor paulista Gadú Aygá se apresenta na noite de hoje, no bar e restaurante Terraço. O músico nasceu e reside em São Paulo. Está gravando seu primeiro CD solo, mas fez questão de dar uma pausa para visitar o avô montes-clarense, o senhor Luis Mendonça.
- Ele é tudo para mim. Me ensinou a pescar, empinar pipa, jogar bolinha de gude, soltar peão. Eu sempre ouvia muitas histórias de pescador que ele me contava. Larguei a produtora e vim ver meu vô - diz Gadú.
Em casa, quando criança, Gadú escutava de tudo: Djavan, Lenine, Cássia Eler, um pouco de Adoniran Barbosa, Ed Mota, Caetano, Yes, entre outros. Atualmente está ouvindo John Mayer e o inglês Jammie Collum, um cantor e pianista de jazz contemporâneo que está recriando músicas antigas de jazz de nomes como Frank Sinatra e colocando-as em uma roupagem absolutamente nova.
- A veia pop tenho até hoje, adoro. No meu trabalho solo vou misturar a raiz da MPB com minha veia pop - conta.
Gadu vai fazer 28 anos, no dia 20 de setembro, nasceu em São Paulo, filho de mãe montes-clarense, Carla Adriana Mendonça e Aygadoux. Seu pai é o músico francês, Bernard Aygadoux.
- Meu pai cantava em banda de baile e aí um dia ele veio a Montes Claros para um show e conheceu minha mãe, começaram a namorar. Depois eles foram para São Paulo. Nasci lá, depois vim para cá, fiquei uns três anos e depois voltamos para São Paulo onde meu pai tocava e ainda continua tocando e cantando música francesa.
Gadú é irmão de Nicole, professora de inglês e francês e os dois cresceram num ambiente musical.
- Tenho um tio que também é músico, o irmão do meu pai, o Marc, pai de Maria Aygadoux (Maria Gadú). Na verdade o nome dela é Mayra Correa Aygadoux. Sempre convivemos juntos. Ela cantava e tocava violão, sempre foi muito tímida, agora que é está mais solta. Ela tocou na noite desde os 12 anos.
O telefone toca. Ele atende. Do outro lado, é o Alex Tuta, convidando para o show solidário de Elthomar Santoro.
- Acho que vou fazer um som lá, conta o músico, inquieto, sorriso largo, que de dia não abre mão de ficar ao lado dos avós, mas que quando chega à noite, já está pronto para fazer um som ao lado dos amigos montes-clarenses.
Pergunto sobre o nome Gadú, quem usou primeiro, ele ou a Maria Gadú.
- Desde o colégio, todos me chamavam de Gadú. Acabei usando como nome artístico. Aí a Maria quis homenagear a família, no mesmo formato que usei. O Gadú dela é meu.
Sobre a relação dos dois, ele diz que quando pequenos se viam bastante, hoje em função da agenda da prima, se encontram a cada seis meses.
- Ela mora no rio. Devo ir lá este ano. No meu CD solo, provavelmente ela vai participar, também estou vendo a possibilidade do Paulo Ricardo (ex-RPM) participar. O tecladista dele é amigo de nossa família - revela.
Gadú já se apresentou em Montes Claros, várias vezes. Na noite desta quinta-feira, convidou o Zuíque, vocalista da banda Mago Bass para acompanhá-lo.
- Sou grato a ele, ele sempre apresenta pessoas. Ele vai cantar comigo a música Polaco, uma composição dele. Mas o show de hoje tem MPB e pop, nacional e internacional, tem Michel Jackson, Seal, Djavan, Lenine, Lulu Santos, O Rappa, Jorge Bem Jor, Skank. Convidei também o guitarrista do Mago Bass, diz.
Sobre o primeiro DVD da Maria Gadú, ele disse que há dez anos que eles não cantavam juntos até que ela convidou irem fazer uma visita.
- Estavam todos os convidados dela no estúdio, fomos até lá e a família Gadú fez uma participação com I Can See Clearly. Meu pai tocou violão com o resto da turma. Estávamos lá eu, Patrick, Maria, Bernard e Marc, a família inteira. A foto que aparece a gente junto comendo pizza foi em Sorocaba, no camarim dela. Logo em seguida do show da Maria, foi a vez do Djavan.
Com a banda Avera, Gadú está gravando o segundo CD e também tem participação com a banda de rock alternativo, a James Bong, além de se prepara para gravar seu CD solo, que é de MPB, POP e romântico.
- Deve ficar pronto ano que vem, provavelmente depois do carnaval. Vai ter clip, vai ter tudo. Meu pai vai fazer uma participação, a Maria Gadú, talvez, o Paulo Ricardo, conta.
Gadú tem um carinho muito especial pelos compositores norte-mineiros e sempre que vem a Montes Claros faz questão de visitá-los.
- Encontro aqui uma riqueza cultural.  Meu primo Peninha me apresentou muitos poetas, o Josecé, um poeta formidável. Musiquei muitos poemas dele. Somos parceiros.
O músico conta que juntou os panos com a paulista, a jornalista Ana Carolina, que trabalha com logística. É ela quem aguenta as barras, os pedidos dos fãs e ainda encontra tempo para assessorar a presidente do seu fã clube.
Para ele, o importante mesmo é não desistir de seus sonhos, por mais difíceis que sejam.
- Penei muito, peno ainda, minha essência é a música, minha sina, como diz Djavan. Vi em uma reportagem uma dica ótima para quem compõe. O Renato Russo, por exemplo, vivia nos sebos, comprava a rodo. E era através dessas pessoas que ele lia, que escrevia seus poemas. Eu também faço isso - conta.
Gadú é mesmo um apaixonado por música, pelo povo norte-mineiro e sonha em voltar em Montes Claros em breve, com a banda, para divulgar seu CD.

Gadú por Gadú
Montes Claros: Minha raiz. Tenho muito mais amigos, se eu não fosse músico, moraria aqui
São Paulo: Trabalho
Música: Meu mundo
Uma música: São tantas, mas vou citar Hoje eu quero sair só, do Lenine
Deus: Se define em amor, felicidade, energia positiva
Amizade: Essencial
Tira do sério: Injustiça
Projetos: Provavelmente um DVD e rodar o Brasil, Minas, Projeto SESC, pelas prefeituras e conseguir uma gravadora
Lembranças: Minha infância com meu vô, pescando, ouvindo Tonico e Tinoco. Ele descascando laranja com o canivete. O pudim de minha vó, dona Carlota Prates Mendonça, não tem igual.